Ter 34 anos.

A maioria das mulheres prefere esconder a idade.

Fazer 34 anos de vida é uma coisa surpreendente.

A gente sente as mudanças na pele e vê que é necessário cuidar mais do corpo.

A gente compreende melhor que é preciso matar todos os dias o mal de dentro e a pressão de fora. Senão não se consegue ser feliz.

Fica mais simples entender que o outro é um não-eu tão precioso como eu mesma.

A gente compreende melhor que talvez essa seja a metade de minha vida e, ao contrário de ter a impressão de que ainda não fiz nada, essa compreensão deve me impulsionar para viver ainda melhor os anos que me restam – tomara que sejam muitos!

Também já sei que não importa se eu tenho alguns diplomas debaixo do braço. O que me humaniza é o respeito ao próximo e a dosagem diária de amor. O exercício de amar tão difícil, tão complicado de ser vivido nestes dias de concorrência e do “salve-se quem puder”.

Entende que as pessoas que me disseram que me amavam e que não sobreviveriam sem minha presença não mentiram, mesmo quando tiveram que tomar decisões por outros caminhos além de mim.

Do mesmo jeito eu não menti quando disse a alguém que o amava. O fato de hoje amar uma nova pessoa não descarta a verdade do amor que outrora vivi e senti. Quero dizer com isso que as coisas mudam e as pessoas passam, incluindo nós mesmos.

O tempo vai passando e a gente aprende que, sobretudo, amar é urgente e imperativo!!

E a gente também percebe melhor o quanto é inacabada, precária, imperfeita, incompleta, desejante, egoísta, boa, má, orgulhosa, intolerante, amorosa. Ninguém é 100% bom ou mal. Ninguém, então, merece deixar de viver.

Morrer agora é deixar de experimentar com responsabilidade a vida. Perder de se deliciar com ela!

Morrer agora é não ter a sensibilidade de observar que o mal de alguns é o mal de toda a coletividade e que não se pode ser feliz ilhado no seu mundinho desprovido dessa percepção.

Morrer agora é estar distante do Centro da vida, da natureza, do cosmos. É construir qualquer tipo de violência, de intolerância (um tipo horrível de violência!), de desamor, de desprazer.

A morte não é apenas o não-viver. A morte é tudo o que potencialmente desconstrói em mim a sede de viver e de ver outros viverem. Felizes. Plenos. Humanos.

Os dias que se passaram deixaram pegadas de dores e alegrias marcadas em minha existência. E cada dor e cada alegria sentida serviram de instrumentos para a construção de minha identidade e de meu jeito de ser, pensar e agir. Ou seja: tudo valeu a pena. Exatamente t-u-d-o.

Eu poderia gastar horas falando das dores e das delícias que já me fizeram tanto chorar e sorrir e sorrir e chorar. Porém quero pontuar que ter lido e experienciado as maravilhas da Bíblia me fizeram ser alguém melhor. Além de me desafiarem – ainda hoje! – a ser um pouco melhor todos os dias.

A gente se faz e se desfaz a cada minuto.

Hoje eu completei 34 anos de vida!

Vividos.