Em pleno verão de 2007 e tem chovido tanto aqui em Jequié…
Os velhos comentários e o imaginário popular vêm à tona outra vez fazendo-nos relembrar os mitos sobre a nossa velha e necessária Barragem de Pedra.
Meu pai mesmo volta e meia me procura com os olhos arregalados falando: Ieda, a Barragem vai ‘pocar’! Rs. Claro que seu coração vive cheio do que as pessoas comuns falam por aí, especialmente em dias de intensas chuvas como esses.
Dizem também que quando isso acontecer à água vai atingir a cruz da Igreja Matriz. Isso significa que toda a cidade será invadida pela imensidão das águas e ‘não ficará pedra sobre pedra.”
Outro dia tive o prazer de conhecer o Sr. Antonio Jorge, funcionário da CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. Estávamos numa interessante conversa sobre aquela Barragem quando ele me falou de suas vivências como funcionário daquele lugar e da segurança daquela construção. Falou-me de fotografias e de alguns fatos ocorridos ali.
(Seu pai teria muito o que falar sobre a Barragem de Pedras, não é, Sr. Jorge? Rs).
Gentilmente esse profissional me concedeu algumas fotos. Pedi autorização para divulgá-las e ele também encaminhou a meu e-mail o texto abaixo.
Acredito que especialmente nesses dias de intenso medo (rs) vale a pena ler um pouco e aprender mais sobre esse tão importante monumento de nossa cidade:
“O Rio das Contas está situado na região sul do Estado da Bahia, desenvolvendo-se entre os meridianos 39º e 42º30’ e entre os paralelos 13º e 15º.
Seus formadores estão localizados nas encostas da Serra das Almas e da Chapada Diamantina, na contravertente de oeste encontram-se os tributários da região superior do médio São Francisco, na do sul, a bacia do rio Pardo e, na do norte, os rios Paraguaçu e Jequiriçá.
Em seu curso inicial o rio das Contas tem a orientação segundo a direção Norte-Sul, com ligeira inclinação para leste até a vila de Suçuarana, a partir daí, muda de rumo, seguindo a direção Nordeste até o povoado de Apertado do Morro. Daí até a cidade de Jequié, segue na direção geral Oeste Leste, e após, inverte na direção Sudoeste até sua desembocadura no oceano Atlântico, nas proximidades do lado norte da cidade de Itacaré.
O represamento do rio das Contas é feito por uma barragem de contrafortes, com 17,00m de largura na cabeça e 6,74m na alma, com altura máxima acima da fundação da ordem de
O vertedouro está localizado praticamente no corpo central da barragem de contrafortes, no talvegue do rio e é constituído por sete comportas do tipo segmento; suas dimensões são 9,00m de altura, 12,5m de largura e raio de
Ao lado do Vertedouro, em direção à margem direita, está a tomada d’água, constituída dos blocos N 10 e 11 contíguos a vertedouro; da tomada d’água partem os condutos de adução á turbina da casa de força; e outro para a descarga de fundo. A primeira alimenta uma turbina
Francis, vertical com potência unitária de 28.300 cv. A capacidade nominal do gerador é de 22.230 Kva.
Quanto ao leito do rio das Contas, as investigações geológicas constataram a existência de uma camada de areia fina fluvial, permeável, de espessura variável, chegando a atingir às vezes 10m. Essa camada estende-se entre as margens sobre camadas mais profundas de diversas formações gnáissicas.
1.2 BACIA DE ACUMULAÇÃO
Até a cidade de Jequié o rio das Contas possui seus contribuintes inteiramente situados na região abrangida pelo polígono das secas, os quais são na maioria de regime intermitente. Até Jequié, sua bacia hidrográfica compreende o chamado Alto rio de Contas e, entre os afluentes de ambas as margens, salientam-se o Santo Antonio, Brumado, Gavião, Sincorá, Ourives, Jacaré e outros, os quais, os quais em razão da grande área de drenagem que abrangem, proporcionam um regime acentuadamente irregular, com grandes variações de deflúvio.
Considerando, portanto, o regime fluviométrico bastante irregular, a regularização das descargas do Alto rio de Contas, seria feita por meio de um reservatório de acumulação adequado, o que é obtido pela implantação da barragem situada cerca de
Tal reservatório permite, assim, o controle de enchentes que por vezes causaram prejuízos na área a montante da cidade de Jequié.
O volume total da bacia de acumulação é de 1.690 Km³, sua área total é de 105 Km² e seu volume útil é da ordem de 1484 Km³.
O vale do rio de Contas encontra-se na região das rochas cristalinas do “Escudo Precambiano Brasília”, na região leste do país, cortando praticamente em ângulo reto a orientação geral NE-SO das rochas cristalinas, aproveitando as fendas e fissuras transversais.
1.3 – BARRAGEM DE CONTRAFORTES
A jusante do bloco 11 da barragem, que contém a descarga de fundo, existe uma bifurcação e tubulação dupla contendo as válvulas borboleta e dispersora.
2 – COMPORTAS DO VERTEDOURO
2.1 – GENERALIDADES
O vertedouro é composto por sete comportas tipo segmento de 12,50m de vão, 9,70m de altura e 10,00m de raio. Giram em torno de munhões ancorados nos pilares na cota 224,18m. distante 7,45m do eixo da barragem.
Rolam lateralmente em guias embutidas nos pilares onde também se processa a vedação.
A viga da soleira, onde se apóia à comporta e se obtém a vedação, está na cota 218,544m.
As comportas de segmento bem como suas guias embutidas foram fabricadas pela Mecânica Pesada S.A.
A estrutura da comporta consiste em um tabuleiro em foram de segmento circular, composto por vigas verticais secundárias, apoiadas sobre duas vigas horizontais principais, que por sua vez transmitem os esforços aos braços laterais e estes aos munhões.
As comportas foram projetas para uma carga hidrostática de 9,46m.
As comportas de segmento pesam 40,0 T cada e a vedação é de borracha sintética composta de dois trechos laterais que se apóiam nas guias laterais dos pilares e um trecho inferior que se apóia na soleira.
Lateralmente, os tabuleiros possuem uma roda-guia de cada lado. Estas rodas rolam nas peças fixas embutidas nos pilares.
As guias das comportas de segmento, existentes nos sete canais do vertedouro, são compostas de duas partes laterais embutidas nos pilares com a linha de centro formando um arco de circunferência de raio 9,72m centrado no munhão e uma parte inferior compondo a soleira, na cota 218,544m.
Foram construídas basicamente em aço estrutural.
À distância entre as superfícies de vedação lateral é de 12,50m.”
Ufa! Depois de tantas informações, podemos concluir: a barragem, papai, não vai ‘pocar’.