Amanhã fará um ano de seu falecimento e estão todos – sua mãe, suas
irmãs e alguns amigos – preparados para sofrer. Programados mesmo!
Eles anotam informações, fotos, textos, nas redes sociais. É como se
estivessem numa comemoração ao avesso. Numa festa de dia triste sendo
antecipada para acontecer.
Choram por antecedência.
Claro que o inconsciente naturalmente registra datas e nos faz lembrar
nossos pequenos ou grandes traumas. Isso é preciso, inquestionável.
Mas o meu questionamento é que, no meu intelecto, por que eu
‘prefiro’ programar-me para sofrer se eu tenho a opção de me programar
para viver o dia do jeito que o dia vier ou, melhor ainda, direcionar
o pensamento para que meu dia seja feliz, alegre, produtivo?
Sim. Eu posso levar meu pensamento na direção que eu quiser. O
sentimento poderá vir, qualquer sentimento. Esse eu não vou poder
controlar não. Mas meu pensamento? Claro! Eu posso levá-lo para onde
quiser.
Posso provar: “pense numa praia agradável num dia ensolarado e muito
bom. O céu está azul e a água, fria e limpa me convida para nadar.”
Deu para ir lá? Deu para, no pensamento, curtir esse prazer? Foi
possível, aí mesmo, onde você está, sem sair do lugar, fazer esse
pequeno passeio? Isso gerou o que em você? Prazer, alegria? Descanso?
Pois é. Eu levo meu pensamento para onde quer que eu queira.
Então se eu me programo para sofrer amanhã a morte de um ente querido,
fatalmente sofrerei horrores. Chorarei, terei um dia emocionalmente
difícil.
Mas se eu me programo para viver, para viver a cada dia o bom e o mal
da vida (posto que o mal poderá vir, sim. Isso é uma questão de
realidade), eu me antecipo para apenas viver. E ser sujeito de meu
destino, de meus pensamentos, de minha vida. Quiçá até de minhas
emoções.
Posso me programar, no mínimo, para ter um dia agradável, ao invés de
ficar remoendo as dores, a ausência, a falta, a morte.
Escolho viver. Escolho a preparação para sorrir. Levo minha mente a
repaginar a dor, experimentar um pouco de alegria e para viver novas e
boas emoções.
Sim. Eu posso programar-me para ser viver bem. Para lidar
saudavelmente com minhas emoções, para apenas agradecer as cores, os
sons, o pão de cada dia, a vida. Isso, para mim, gerará bons
pensamentos, boas emoções, coragem e força para seguir ainda que a
falta de quem amo seja latente.
Tb acho q devemos afastar da nossa mente tudo q reduz a nossa vitalidade, o q possui potencial destrutivo, q nos mata um pouquinho. Mas, me pergunto como classificar a dor e o sofrimento. É um pensar, um sentir bom ou ruim? Em princípio, qualquer um diria q é terrível, maltrata o espírito e o corpo. Mas, no caso de experimentar a presença de um ausente amado, acaso não estaríamos vivendo uma realidade presente e tão real como quando ele estava presente? Ora, sua vida e seu legado, não estão conosco influenciando a nossa vida, nos transformando? É possível q a sua ausência seja ainda mais marcante q sua própria presença, sem q com isso, entretanto, queiramos deixar a vida para estar ao lado dele. Ficar alegre, quando o momento é pra chorar pode demonstrar um quê de insensibilidade, egocentrismo, esquizofrenia talvez? Afinal, a vida é maravilha ou é sofrimento? É alegria ou lamento? É tudo isso, e por conta disso e também apesar disso, ela é uma obra de arte!