“E pode, Giu? O vilão está pedalando sua bicicleta nas águas do mar!” Foi a pergunta que fiz à Giulia, de cinco anos de idade.
Ao que ela responde: “Não. Não pode porque tem tubarão.”
E o tubarão, de fato, ficou circulando em torno do vilão do filme do Pica-pau até morder toda a bicicleta.
Desenho animado é tudo assim.
As coisas funcionam de um jeito infantil, interessante. Longe de nossa rigorosa lógica que indica que não se pode andar de bicicleta em águas…
Neles é comum aparecer um personagem cortando o outro pela metade e daqui a pouco já está recuperado.
As dores se mostram intensas e com freqüência alguém é transformado numa folhinha de papel. Amassado totalmente. Basta um sopro, um sacolejo e a personagem está novinha em folha. Literalmente em folha.
Há um pensamento além da realidade nos desenhos animados infantis.
E quão interessante é perceber que as crianças compreendem aquele universo com tanta simplicidade, liberdade e beleza.
Para a pequena Giulia não interessa se o mar oferece ou não atrito suficiente para mover os pneus da bicicleta do vilão.
Valem outras categorias.
As preocupações são outras.
As importâncias são outras.
O pensamento é desburocratizado.
É assim a imaginação infantil.