Nesses últimos tempos em que há uma significativa mudança na estrutura familiar e uma nova reconfiguração quanto ao papel dos homens e das mulheres na sociedade, vale a pena repensar o papel do pai numa sociedade tão cheia de conflitos e problemas, mas também cheia de oportunidades e possibilidades.
Agora os pais não mais podem ser reconhecer como únicos provedores da casa, já que a mãe também precisa trabalhar para ajudar na renda familiar. O papel do homem no lar vem sido questionado e reconstruído, devido às novas demandas.
Com essa nova configuração, os pais assumem coisas que raramente víamos pais fazerem como trocar as fraldinhas sujas, envolverem-se com os passeios infantis, com a rotina diária de um jeito muito mais frequente e próximo que em outras épocas.
É muito comum pais “engravidarem” juntamente com suas esposas.
Há pais que vivem a gestação de um jeito tão intenso e sensível que ficam atentos a qualquer movimento da barriguinha da mãe, que sofrem as dores do parto junto com as esposas (claro que só psicologicamente) e há pais até que desmaiam em salas de parto, quanto há pouco tempo atrás tinham-se julgado tão fortes a ponto de desejarem fotografar ou filmar aquele momento.
Sei de pais que sabem cuidar melhor de suas crianças que as próprias mães, embora seja mais natural que a mulher tenha maior habilidade para lidar com a maternagem, que é o cuidado com os pequeninos.
Vale lembrar que quando nasce uma criança, nascem também um pai e uma mãe. E o desenvolvimento da capacidade de ser pai é algo realmente bonito de se ver. Hoje em dia os pais não são tão desajeitados como os de antigamente. Já perceberam isso?
Já viram um pai com o seu bebê no colo? Normalmente ele põe o corpo do bebê voltado para fora de si, para o mundo.
Isso significa dizer que se a mãe volta o bebê para si mesma, quando tem o bebê no colo, o pai, ao voltar o bebê para fora, para o mundo, permite que o bebê se desenvolva.
Seria mais ou menos assim: a mãe envolve. O pai, desenvolve. O pai, segurando o bebê dessa forma, permite que o pequenino tenha um contato maior e direto com as coisas e com a vida. Permite que seu aprendizado seja maior já que ele vê e percebe mais coisas do que se estivesse apenas voltado para a mãe.
No fundo, o pai parece ter mais coragem de entregar seu filhote ao mundo do que a mamãe.
É muito importante o pai se comunicar com o bebê ainda na barriga da mamãe.
Há experiências que apontam que crianças de alto risco reagem bem aos tratamentos médicos no hospital quando ouvem a voz de seus pais, como se os reconhecessem. Como se se lembrassem daquela voz amorosa de um pai presente.
Na consciência ainda remota e primitiva do bebê, parece que ele consegue reconhece a voz do pai e da mãe. Então, se for possível, converse com o seu bebê… Fale com ele.
Quero compartilhar com você a letra da música de nome Dezoito, composta por Gerson Borges, Isaías de Oliveira e Tom Ferro, que trata da experiência paterna:
“Inda outro dia era criança / De se pegar no colo / Junto ao coração / E se soltar no solo, / Se lambrecar ao chão /Inda outro dia era menino / De se levar pra escola / Segurando a mão
Brincar de pipa e bola / Correr, rodar pião / E um pai que, de repente, vira irmão / Mas quando acordou um dia desses / Preguiçosamente: /“Pai, que horas são?”
Me chocou a força / De como o tempo é vão / Inda era o mesmo, o meu menino / Pedindo a minha ajuda / Minha proteção / Não tanto como antes/ Agora ele cresceu / E trilha o seu caminho olhando o meu / Foi num piscar de olhos / E não havia mais brinquedos
Espalhados pela casa, pelo chão / Nem lápis, nem caderno / Nem desenho enigmático / Nem papel de chocolate nem biscoito / Quando abri os olhos / Meu menino fez dezoito.”
O tempo passa. Passa tão rápido… e que bom é termos pais que conseguem desfrutar do desenvolvimento de seus filhos…
Que bom saber que uma das maiores referências que se tem de Deus é que Ele é pai. Pai bondoso, amoroso, presente, forte e bom.
Ser pai é isso. É experimentar uma das grandes dádivas da vida.
É saber que seus filhos, mesmo crescidos, precisarão de uma palavra firme, segura e acolhedora.
É saber que sua semente foi plantada na Terra, mas será necessário regar e trabalhar muito para que ela dê bons frutos.
É saber que ser responsável e ser presente tem sabor de gratificação e de realização pessoal.
É, de alguma forma, representar o Criador na Terra. E ser ao mesmo tempo frágil como homem e imenso como gerador de alegria e de vida.