Parece-me que está tão intrinsecamente decidida essa questão de competitividade e a compreensão de que o outro é meu inimigo e concorrente que tenho vivenciado sempre coisas dignas de nota, ao meu ver.
Uma delas é minha antiga colega de natação. Eu tinha meus vinte e poucos anos e ela já era uma respeitável senhora. Em todas as atividades, em todos os exercícios comandados pelo nosso professor, aquela senhora de cabelos embranquecidos partia adiante, como se estivéssemos em verdadeiras olimpíadas. Eu ficava rindo dela quando a mesma se gabava verbalmente de ter passado à minha frente.
Ora! Eu estava apenas realizando uma atividade física prazerosa! Não estava competindo com ninguém.
Outro dia, no transito, um também respeitável Senhor com aparência sexagenária me deu uma cortada e brincou de “pega” comigo. Detalhe: eu não estava inscrita na brincadeira e quase participamos de um sério acidente, envolvendo mais outros dois carros. Metros além ele parou o carro, tranqüilamente o estacionou na porta de sua casa e ficou na porta, rindo.
Eu não queria brincar daquilo. Muito menos perceber claramente que nossa vã filosofia nos permite pensar que a vida é uma grande competição e todos concorrem entre (e contra!) si.
Sem contar os chefes que confundem liderança com autoritarismo. Chefia, com superioridade. Serviço, com servidão. Injustiça, com desordem. Desses, não falarei.
A grande guerra da humanidade é por PODER. Foucault está certo.