Em 1983 o escritor Dr. Dan Kiley, lançou o livro intitulado A Síndrome de Peter Pan.
Apesar de ser conhecida como uma síndrome, não se trata de uma doença. Ela não aparece nos manuais de transtornos mentais como, por exemplo, no DSM IV.
Trata-se de uma propensão que alguns homens possuem de mesmo, na idade adulta, continuarem pensando e se comportando como meninos.
A síndrome de Peter Pan indica o homem que nunca cresce. O homem que não quer crescer. Ou melhor, cresce apenas fisicamente. Emocional e comportamentalmente ele é uma pessoa infantilizada, que não consegue levar a vida a sério.
Segundo Kiley, o indivíduo tende a “apresentar rasgos de irresponsabilidade, rebeldia, raiva, excessivo amor próprio, dependência dos outros (especialmente dos pais) e negação ao envelhecimento.”
Alexis Carrel, prêmio Nobel de Medicina, afirma que “vivemos hoje o drama de um desnível gritante entre o fabuloso progresso técnico e científico e a imaturidade quase infantil no que diz respeito aos sentimentos humanos.”
Frequentemente agimos com imaturidade diante dos limites da existência.
Você conhece algum trintão ou quarentão que ainda mora na casa dos pais? Ou aquele que não sai de debaixo de suas asas?
Conhece alguém que já passou por inúmeros casamentos e não consegue se comportar como casado que é, assumindo todas as responsabilidades inerentes a um adulto casado?
Conhece alguém que se recusa a envelhecer? Que se veste como um adolescente, que tem atitudes e pensamentos de adolescentes, tem vocabulários de adolescentes?
Conhece alguém que não consegue cortar o cordão umbilical e depende dos pais para tomar qualquer tipo de decisão, mesmo estando na idade adulta?
Nos EUA e em alguns outros países, os pais estimulam a saída dos filhos de casa, estimulando-os a serem independentes e a cuidarem de suas próprias vidas; enquanto nós aqui no Brasil insistimos em chamar nossos filhos adultos de ‘meu menino, minha criança”.
Mãos superprotetores, zelosas demais, também prejudicam filhos nesse sentindo, educando filhos inseguros, muito dependentes e pouco autoconfiantes.
Para tais pessoas enfrentar obstáculos e receber um ‘não’ torna-se algo extremamente difícil pois, em casa, eles não tiveram uma educação para a realidade da vida, cheia de dificuldades e muros a transpor.
Pais que evitam dizer ‘não’ aos seus filhos também fortalecem seu comportamento infantilizado. Toda criança tem um sentimento de onipotência e acredita que pode fazer todas as coias. Se os pais não tiverem segurança para orientarem a formação da criança, ela poderá ser um adulto sem noção de limites e sem condições de lidar com suas próprias dificuldades.
Pessoas assim, podem estar capacitadas para trabalhar mas são indivíduos, no falar de Rafael Liano, “truncados, incompletos, malformados, imaturos.” Não possuem a responsabilidade da decisão.
São indivíduos que possuem dificuldade de amar pois amar requer uma certa maturidade, uma disposição para se doar, para até se sacrificar, a depender das circunstâncias. Um adulto infantil está sempre inclinado a receber, a ser bem cuidado, bem tratato. Ele não está apto a oferecer, a cuidar, a se doar.
Isso pode explicar porque tantos casamentos desfeitos, tantos adultos que se comportam de maneira incompatível com sua idade e que não conseguem se realizar no amor.
Ser eterna criança pode ser uma fuga e isso, definitivamente, não é saudável.
RAFAEL LIANO CIFUENTES, Editora Quadrante, São Paulo, 2003 – Livro A Maturidade.
KILEY, Dan : Síndrome de Peter Pan, Editora Melhoramentos, 1987.