Sou suspeita para falar sobre o assunto, posto que ainda sou solteira mas tenho (sic) umas dicas quase psicanalistas para minhas amigas e meus amigos solteiros a fim de que eles tenham êxito em seus futuros relacionamentos e saiam do encalho.
Tenho amigos e amigas interessantes, bem sucedidos, bonitos, profissionais com futuro garantido, gente de muita prosperidade mas que não têm êxito nessa área do amor.
Quero, neste texto, pontuar algumas pendências que eles precisam resolver para, enfim, conquistarem sua princesa ou seu príncipe encantado.
É necessário ter a convicção de que estar sozinho é algo muito bom. Procurar o outro porque não suporta nem sua própria companhia é algo comprometedor pois ninguém merece ficar com alguém que nem de si mesmo gosta. Alguém que não tenha o que falar para si próprio, que não tenha coragem de fazer uma pipoquinha para comer sozinho, desfrutando de sua própria pessoa, alguém que não tem papo consigo mesmo não terá o que compartilhar com o outro e aí bye bye… poderá ficar fadado à solidão o resto da vida.
Tratar o outro como tábua de salvação também está ligado à idéia acima. Ninguém é salvador de ninguém. Não há uma pessoa sequer na vida que possa redimir você de seu calabouço existencial a menos que você queria dar um passo além de si mesma e se libertar emocional e intimamente. Então, amigos e amigas: seu par não é sua mãe nem seu pai. Ele/ela não tem obrigação de lidar com seus mimos e manias e ainda ter paciência, tolerância. Seria bom que tivesse, mas até que chegue o amor – aquele sentimento que é também ação – de fato, isso não vai se dar mesmo. Suas neuras podem ser resolvidas num consultório psicanalítico. Não no seu namoro ou em suas amizades potencialmente próprias para namoro.
Se arrumar com exagero também é outro ponto que, principalmente entre as mulheres me intriga. Tenho amigas e conhecidas – isso digo especialmente para mulheres – que parecem uma árvore de natal. Bem de longe você já as enxerga com cores provocantes, tipo ‘cheguei!’. Cheias de penduricalhos, joias para todos os lados, maquiagem exagerada. Unhas sempre impecáveis. Gente que dá pena de pegar. Eu fico com pena dos homens nessa situação. Eles devem criar sobre elas o mito de que não são pessoas. São objetos cristalizados dos quais, se chegarem perto, se quebram. “È melhor manter distância”, penso que concluem. Não faço aqui apologia a não se arrumar, a desleixo. Falo de tentar ser o mais discreta possível.
Eu tinha um colega Advogado que usava óculos caríssimos de sol, com a lente espelhada e azul. Ele era e é um fofo. Nos dias de chuva ele usava um sobretudo imenso preto. Era uma figura de outro mundo. Se destacava entre nós. Fulano chegou, todo mundo olhava. Curiosamente ele não tinha muito sucesso entre as mulheres, embora fosse muito bem sucedido e inteligente.
Outra coisa que questiono sempre é o fato de pessoas solteiras quererem sair em grupo. Talvez elas pensem: eu não estarei sozinha nesse ou naquele ambiente. Cinco, seis, sete meninas estão coladas umas às outras num ambiente qualquer. Pense comigo: que coragem você – menino ou menina – teria de chegar-se a alguém por quem tenha se interessado se ele/ela está cercado por outras pessoas? Quem seriam essas outras pessoas? Elas me aceitariam em seu grupo? Ou me mandariam sair de perto fazendo-me ‘pagar mico’?
Em resumo: poucas pessoas chegam junto de quem está muito bem acompanhado/a.
É lógico que a vida é muito mais ampla do que esse quadro que agora pinto. Claro que há pessoas que não estão mais sozinhas e sempre foram e fizeram tudo isso que aponto como algo negativo acima. A existência da gente é dinâmica e seu par poderá estar aqui mesmo, ao seu lado. Torço que sim! Que quando menos você espere já chegue seu/sua parceiro/a e que seja para toda a vida.